Ou “Entenda suas necessidades, principalmente financeiras”

De nada adianta você saber apenas seu destino final se você não planejar a maneira que pretende chegar até lá. A isso, damos o nome de objetivo.
Infelizmente, o brasileiro médio costuma pensar bastante apenas nos objetivos de curto prazo. É o celular recém-lançado, o tênis da moda, a roupa daquela marca famosa, aquela promoção “imperdível”.
Soma-se a isso o fato de que somos seres sociais: nos construímos enquanto sociedade nos relacionando com outras pessoas, e sentimentos a necessidade de fazer parte de um grupo. Caso os nossos desejos enquanto indivíduo não tenham alguma sinergia com os desejos coletivos do grupo que estamos inseridos, é muito provável que acabemos nos sentindo excluídos.
A respeito disso, o ator Will Smith reflete em apenas uma frase o que talvez seja a grande problemática do consumismo:
Gastamos o que não temos para comprar coisas que não precisamos para impressionar pessoas que não gostamos.
O que você precisa, de fato, para tornar a sua vida mais simples e descomplicada?
Não existe ninguém que saiba melhor quais são suas prioridades na vida que você mesmo. E talvez esse entendimento seja essencial para que caminhemos de maneira mais assertiva aos nossos objetivos. Está tudo bem possui o celular recém-lançado, desde que essa seja uma prioridade que você estabeleceu para a sua vida.
Mas como faço para definir as minhas prioridades?
O psicólogo estado-unidense Abraham Maslow publicou em 1954 o estudo “A Theory of Human Motivation” (ou, em tradução livre, “Uma Teoria da Motivação Humana”), em que estabelece que o comportamento do ser humano tem como base uma Hierarquia de Necessidades, com ordem definida: Fisiologia, Segurança, Social, Estima e Realização Pessoal. Esquematicamente, podemos pensar no formato de uma pirâmide:

Fonte: Gradus
De maneira rápida: você só preencherá sua necessidade de Segurança caso sua necessidade Fisiológica já tiver sido preenchida, e assim sucessivamente. Perceba que nossa Realização Pessoal só acontecerá verdadeiramente nossas Necessidades Psicológicas tiverem sido satisfeitas.
Marshall Rosenberg, por sua vez, é o precursor da Comunicação Não-Violenta (CNV), que baseia-se na premissa de que, na construção de relações mais autênticas e verdadeiras com o mundo, precisamos olhar para dentro de nós, e investigar quais são as necessidades que precisam ser supridas para que assim possamos nos expressar sentimentos genuínos na nossa vida, construindo assim relações baseadas no amor e na verdade. Para se aprofundar especificamente neste tema, recomendo esse texto do Tales Gubes, uma das minhas referências pessoais quando falamos sobre como se comunicar de maneira autêntica.
Ao se fazer a pergunta “Por quê estou me sentindo assim?”, podemos investigar duas questões: qual é o sentimento que estou expressando nesse momento e qual é a necessidade que precisa ser atendida.
O Instituto CNV Brasil realizou a compilação de tais sentimentos e necessidades, citados na literatura ao longo dos últimos anos. Juntos, estes termos são capazes de nomear a maneira com que nos expressamos no mundo. E a partir do momento que levamos algo para a nossa consciência, somos capazes de agir para mudar tal situação.
Fonte: Instituto CNV Brasil
Mas o que o dinheiro tem a ver com essa história?
A não ser que você seja uma pessoa que vive em uma caverna, meditando durante o dia todo e se alimentando exclusivamente daquilo que a natureza nos fornece, muito provavelmente você vai precisar encarar o fato de que existe algo que nos une enquanto humanidade: o dinheiro.
Segundo o livro Sapiens — Uma Breve História da Humanidade, o dinheiro é uma realidade imaginada: algo que todos acreditamos e, persistindo no tempo e no espaço, exerce influência no mundo e nas pessoas que acreditam nela. Em outras palavras, entramos em um acordo coletivo que um pedaço de papel (ou uma transação eletrônica) significa uma troca simbólica. O papel em si não possui valor, mas um dia tivemos a capacidade de imaginar esse valor de maneira coletiva, e essa crença permaneceu através dos séculos, dando margem ao que chamamos de império capitalista.
Nele, o dinheiro talvez não seja a única, mas a principal ferramenta capaz de satisfazer nossas necessidades e gerar sentimentos. Ele é fundamental para que alcancemos nossos objetivos e metas.
Tudo depende da maneira com que o encaramos: ao mesmo tempo que pode ser uma benção, pode ser uma desgraça (qualquer semelhança com a maneira que a água é tratada no premiado filme “Parasita” não é mera coincidência). Depende se você vê sua vida financeira como um fardo ou uma solução.

Quando se trata de dinheiro, você sente que está sempre apagando focos de incêndio, sem achar o real motivo para que isso esteja acontecendo?
Talvez esse seja o momento de olhar para dentro de si e investigar quais são os sentimentos que isso te causa, e quais são as necessidades que não estão sendo atendidas por causa da possível falta deste dinheiro. Busque lembrar que seu salário e seu custo de vida são coisas diferentes, e comece a pensar em metas de médio e longo prazo. Quando você começa a utilizar o dinheiro como aliado de seus objetivos, sua perspectiva muda.
Como fazer com que isso aconteça? Numa era em que o digital domina a nossa vida, aqui vai uma série de influenciadores financeiros que mudaram positivamente a maneira com que eu vejo minha vida financeira:
Natália Arcuri (MePoupe!): jornalista de formação, hoje possui o maior canal de educação e entretenimento financeiro do mundo, com mais de 4 milhões de inscritos. Responsável por “virar a chave” do meu pensamento financeiro através deste vídeo:
Fonte: MePoupe!
Thiago Nigro (O Primo Rico): com um dos maiores canais do YouTube, reúne mais de 50 mil pessoas em vídeos ao vivo às 5am, através de conteúdos de inteligência financeira.
Ana Laura Magalhães (ExplicaAna): formada em Relações Internacionais e mestre em Economia Política Internacional, é assessora da XP Investimentos e produtora massiva de conteúdo no Instagram.
Breno Perrucho (Jovens de Negócios): com 22 anos, começou as faculdades de Direito, Medicina e Engenharia de Produção, mas não finalizou nenhuma. Seu canal se dedica à educação financeira e negócios, com uma linguagem e comunicação visual muito acessível ao público jovem.
Objetivos e dinheiro sempre serão temas que renderão muita discussão. Dentro da regra existem exceções, o que torna as coisas mais interessantes ainda. Compreendo que, na sociedade capitalista, sempre teremos os nossos privilégios. E é nossa obrigação usá-los de maneira a causar um impacto positivo na busca por uma sociedade mais justa e igualitária. O entendimento dos nossos sentimentos e necessidades pode fazer com que nossa vida financeira e pessoal se transforme. Basta um passo.
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